terça-feira, 17 de novembro de 2015

Raquel de Querioz - parte 3

E ainda sobre a grande Raquel de Queiroz: um poema que se chama Telha de vidro, e que adoro pelo que para mim transmite.

Telha de vidro

Quando a moça da cidade chegou 
veio morar na fazenda, 
na casa velha... 
Tão velha! 
Quem fez aquela casa foi o bisavô... 
Deram-lhe para dormir a camarinha, 
uma alcova sem luzes, tão escura! 
mergulhada na tristura 
de sua treva e de sua única portinha... 

A moça não disse nada, 
mas mandou buscar na cidade 
uma telha de vidro... 
Queria que ficasse iluminada 
sua camarinha sem claridade... 

Agora, 
o quarto onde ela mora 
é o quarto mais alegre da fazenda, 
tão claro que, ao meio dia, aparece uma 
renda de arabesco de sol nos ladrilhos 
vermelhos, 
que - coitados - tão velhos 
só hoje é que conhecem a luz doa dia... 
A luz branca e fria 
também se mete às vezes pelo clarão 
da telha milagrosa... 
Ou alguma estrela audaciosa 
careteia 
no espelho onde a moça se penteia. 

Que linda camarinha! Era tão feia! 
- Você me disse um dia 
que sua vida era toda escuridão 
cinzenta, 
fria, 
sem um luar, sem um clarão... 
Por que você na experimenta? 
A moça foi tão vem sucedida... 
Ponha uma telha de vidro em sua vida!

E um  livro que gostaria que lessem, da querida Cleudene Aragão, sobre a escritora.

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